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Jamais

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25
Jul09

A panaceia da "informatização"

Rodrigo Adão da Fonseca

" Este governo teve um mérito que não me lembro de ter visto em qualquer governo anterior: acabar com o mito de que a esquerda é indecisa, titubeante, gastadora, perdedora, sem vontade, niveladora por baixo e não reformadora. Este governo apostou nas tecnologias de informação, na formação e na avaliação".

 

(Sofia Loureiro dos Santos, no SIMplex)

 

O socialismo versão socrática, além da crença no mito da "vontade", vive completamente deslumbrado com a "informatização da sociedade portuguesa". Exemplo disso é o texto escrito pela Sofia Loureiro dos Santos, no SIMplex, onde a veneração pelas tecnologias da informação assume contornos de idolatria ideológica: a informatização da administração pública, como das empresas, é obviamente um imperativo de desenvolvimento; o que este texto não refere é que a informatização em si - do que seja - não resolve nada, se não houver uma adequação dos meios às literacias dos utilizadores, e se a aposta nas TI's não for acompanhada de modelos de gestão válidos.

 

 

Aquilo que a SLS escreve no SIMplex, sobre "SNS e informática" não está em si errado (passe o tom propagandistico); no campo da técnica, não há quem não defenda a utilidade de um processo clinico electrónico, ou de uma maior integração entre os centros de saúde e as unidades hospitalares; o que me preocupa é a forma como se acredita que a aposta nas TI's pode ter a extensão que aí se refere, como se o SNS fosse sobreviver em função daquilo que venha a ser a "informatização" dos diversos processos de funcionamento no sector. 

 

Discordo que se faça de uma mera decisão técnica, todo um programa político. Como se o problema de Portugal fosse tecnológico, e não de ausência de literacias. Como se as deficiências dos processos na administração pública, na Saúde, ou noutros, se solucionassem por mera introdução de TI's no sistema.

 

A raiz do erro socrático nesta matéria é o de sempre: a ideia de que soluções simples, assim "muito século XXI", como "vontade" e "informática", resolvem problemas complexos. Como se a "vontade política", ou a aposta em hardwares e softwares tivessem o condão de, com um passe de mágica, resolver as dificuldades estruturais de um país pobre, sem grandes recursos, e onde há cada vez mais menos valências no plano da competitividade.

 

E a competitividade não depende da "vontade política", nem do "investimento público", nem da "aposta em novas tecnologias". Depende, sim, de drivers pouco simpáticos para o socialismo centralizador. A competividade assenta na inovação dos agentes privados, na diminuição da carga fiscal, na educação, na libertação do tecido económico do peso da burocracia e, sobretudo, na livre concorrência, que não pode ser distorcida pelas intervenções governamentais ou dos agentes públicos. 

 

Pior que um PS socialista, ou pelo menos tão mau, é este PS que vive deslumbrado com a tecnologia, que exibe uma constante paixão pela tecnocracia. 

 

12 comentários

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Jamais - Advérbio. Nunca mais, outra vez não, epá eles querem voltar. Interjeição muito usada por um povo de dez milhões de habitantes de um certo cantinho europeu, orgulhoso do passado mas apreensivo com o futuro, hospitaleiro mas sem paciência para ser enganado, solidário mas sobrecarregado de impostos, com vontade de trabalhar e meio milhão de desempregados, empreendedor apesar do Estado que lhe leva metade da riqueza, face à perspectiva terrível de mais quatro anos de desgoverno socialista. Pronuncia-se à francesa, acompanhado ou não do vernáculo manguito.

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