Passo em Frente
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"(...) A própria natureza, não do Governo, mas do primeiro-ministro. Uma natureza temperamentalmente autoritária que se tornou mais do que um traço de personalidade, que irradiou, espalhou e contaminou os ministros e a governação.(...)"
José Gil, ensaísta e filosofo, autor do celebrado livro Portugal, hoje - o medo de existir, dá uma entrevista à LER deste mês que é imperioso ler, recortar e guardar.
A excelentíssima ministra Maria de Lurdes Rodrigues afirmou publicamente que o seu ministro da Educação de Referência foi um ministro do Estado Novo. Isto por si só não tem mal nenhum. Confesso que não conheço a obra do escolhido por Salazar para a pasta e, calhando, até foi um ministro daqueles de trás da orelha. Aquilo que me leva a escrever este post é outra coisa: imaginem que Manuela Ferreira Leite afirmava publicamente que o seu ministro do-que-quer-que-seja de referência era um ministro do Estado Novo. Imaginem só o que o líder da esquerda moderna, democrática, moderada e respeitadora dos limites da liberdade – claro que sim! – iria dizer no comício que se seguisse à publicação das declarações.
Apetecia-me ser mais desenvolto do que sou e ter coragem de me dirigir pessoalmente à ERC apelando a que algum instrumento legal fosse utilizado para aconselhar o primeiro-ministro a utilizar com menos frequência a palavra "maledicência". Por timidez, faço-o aqui de forma indirecta. É que não há telejornal onde ele não apareça, num lugar ou outro do país, a empregá-la (há momentos, foi em Santo Tirso). A palavra, insidiosa, começa a perseguir todos os críticos do primeiro-ministro, e a intimidar. Não há dia em que não se ouça. O exercício democrático da discordância tornou-se quase uma maldição. E não sou só eu, é claro, que sofro. Vários amigos a quem telefonei, e que duvidam da excelência do primeiro-ministro, confessaram que também eles preferiam, apesar de tudo, o "bota-abaixismo". Mas recusaram-se a publicitar os nomes, não fossem ouvir num telejornal qualquer: "Aqueles que não gostam de ouvir a palavra «maledicência»..." Sozinho, persisto. Sempre era mais castiço e menos venenoso, o "bota-abaixismo", ou até (é uma sugestão) o "trogloditismo negativista". Menos castigante moralmente. Mais diversificante do ponto de vista da língua. Menos chato, se assim me posso exprimir.
«O nosso primeiro compromisso é o de devolver à sociedade civil uma ampla capacidade de agir, criando condições para que todos, de acordo com as suas capacidades, possam contribuir para o progresso e para o desenvolvimento do nosso País. (...) com a afirmação de valores que agreguem a sociedade civil, lhe dêem ânimo para agir e a robustez necessária para ter uma opinião crítica capaz de recusar dirigismos paralisantes.»
Perante este discurso (versão integral aqui) ainda dizem que não há diferenças, de substância e de estilo, entre o PS e o PSD?
Na semana passada vim de Alfa de Lisboa para o Porto. Estavam uns panfletos espalhados pelo comboio, mas como tinha melhor literatura para ler, nem sequer lhes peguei. Na sexta-feira à noite um amigo alertou-me para o facto de estarem espalhados pelo Alfa panfletos com propaganda ao TGV, da autoria da RAVE (Rede Ferroviária de Alta Velocidade).
Hoje fiquei a saber que a RAVE comprou nos dois jornais de maior circulação, CM e JN, um encarte de propaganda sobre o TGV.
A construção do TGV é um dos temas onde existe maior discórdia entre o PS e o PSD nesta campanha eleitoral. Colocar empresas e dinheiro do Estado ao serviço de um partido é ilegítimo e imoral. É isso que o Partido Socialista tem feito com a RAVE.
Também aqui.
Sabe qual é neste momento, o plantel mais caro em Portugal?
SPORTING ???...
PORTO ???...
BENFICA ???...
Nãooooooooooooo!!!! Estão absolutamente enganados!!!
Via PPM, no 31 da Armada
Não posso deixar de agradecer aqui ao meu sempre simpático homónimo from the other side: o Carlos Santos. Apesar de abrilhantar (e com garbo!) um blog rival, a sua generosidade não lhe coube na estreita trincheira. Lá vai dizendo que 'me ignora', que sou um 'escriba de dislates' e que não passo de um 'info-excluído' - nestas palavras, em que um malévolo superficial veria acinte, nota-se, reconheço-lhe com embaraço, aquela ternura desajeitada, mas genuína, que se debate consigo mesma e de que só um jovem é capaz.
O Carlos deu-se ao trabalho de recolher os videos que eu, preguiçosamente, não busquei e de que precisaria para demonstrar o que escrevi aqui. Agora, só têm de os ver e cotejá-los limpidamente com o meu post. Graças ao meu homónimo simplex, fica ainda mais claramente demonstrado o que defendi. Confesso que o terceiro video pode ser enganador: os cortes disfarçam o propósito irónico da oradora (lembro-me de, na altura, ter visto, na Sic ou na RTP, uma reportagem mais completa que, não havendo malícia, permitia captar o sentido do aparte), mas não posso levar a mal - sei bem que a intenção do Carlos foi boa. Não é todos dias que deparamos com um adversário assim: mesmo ajudando os argumentos do outro lado, nele, a decência da verdade falou mais alto.
"Paz com professores vai sair muito cara ao país”, Maria Lurdes Rodrigues
Pelo que se depreende das palavras da incompetente ministra da Educação, o clima de guerra com os professores é o que mais interessa ao país. Para Lurdes Rodrigues, é essencial que o próximo governo prossiga com o conflito que este governo iniciou. Estou certo que os professores no dia 27 darão uma resposta a esta declaração bélica.
Ontem o Primeiro-Ministro discursava para os jovens campistas do PS. Usava os punhos da camisa displicentemente desabotoados, como quem diz, " Nada na manga".
O Primeiro-Ministro já tinha prometido 150.000 empregos para a legislatura.
O Primeiro-Ministro já tinha prometido 30.000 colocações de desempregados nas IPSS.
Ontem, prometeu mais 25.000 estágios na Administração Pública.
Apesar dos punhos desabotoados, e dos acenos de belo efeito, a única coisa que lá vi foi um par de mãos cheias de nada.
Os nossos 500.000 desempregados em casa talvez tenham pensado o mesmo.
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