MAUS TEMPOS PARA A LIBERDADE (1)
Há pouco dinheiro, há pouco emprego, há pouco espaço fora do Estado, há muito pouca coisa fora da alçada do governo, existe um poderoso establishment nas universidades, nas fundações, na "sociedade que passa por civil mas não é", que também depende do poder, há cada vez mais Estado na economia real, cada vez mais gabinetes ministeriais a decidir sobre matérias que nunca lá chegariam há meia dúzia de anos, há muita corrupção institucionalizada nos partidos e no Estado, há demasiado centralismo, demasiada vontade burocrática, demasiados subsídios, para haver respiração para a liberdade. Numa sociedade civil sadia propostas como os "chips" nos carros, a generalização incontrolada da videovigilância, as administrativas proibições de tudo, de que são exemplos recentes a proposta de proibição de sondagens ou o mundo comunicacional artificial e burocrático da "directiva " da ERC, gerariam enorme controvérsia, desobediência cívica e voltariam ás gavetas dos que as produziram. Mas não é assim, porque os dependentes são muito mais do que os independentes e a acomodação é uma regra social. Dizer que "não" é raro. O governo do PS joga muito nisso, vive nisso, vive disso. A crise ajuda, não os ajudemos nós.
(Continua.)