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Jamais

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21
Jul09

Sócrates falhou a sua oportunidade, não merece outra.

Jamais

Há quatro anos, pela primeira vez na sua história, o PS ganhou uma eleição com maioria absoluta. Ao lado dele, a restante esquerda – o PC, o Bloco – cresceu. Isso significa que muitos eleitores do chamado centro e da direita (em Portugal partidariamente identificados com o PSD e com o CDS/PP) contribuíram para essa maioria. Sócrates não se tornou absoluto pela esquerda. Foi a direita, desagradada com o interregno de 2002-2004, que “ajudou” o PS de Sócrates a voltar ao poder que ocupa quase ininterruptamente há catorze anos.

 

O mandato que o PS recebeu – para fazer o que devia ser feito – redundou, afinal, num exercício frívolo e quase unipessoal destinado a apontar cada um dos portugueses como um inimigo potencial, uma corporação. Em vez de governar para as pessoas, Sócrates e os seus dedicaram-se a governar contra as pessoas. Em vez de “reformar”, essa jargão sem conteúdo útil a não ser o da propaganda analfabeta, o PS limitou-se a limpar algum pó e, no essencial, a estragar a mobília. Em vez de colocar o partido ao serviço do Estado, o PS apropriou-se do Estado para servir o partido. Em vez de estimular a dita sociedade civil, Sócrates e os seus obrigaram-na à mais rude das dependências e à mais infame das complacências. Partido do “código genético” da democracia, o PS, com Sócrates, representa hoje em dia uma séria ameaça às liberdades formais e materiais da cidadania.

 

Tomado de assalto por pessoas sem um módico de cultura democrática, o PS de Sócrates deixa um país mais periférico do que aquele que recebeu da chamada direita em 2005. É esse país que este blogue procurará denunciar nas próximas semanas propondo, em alternativa, que os seus leitores optem, em Setembro, por uma maneira diferente de encarar a política. Isto é, por um registo que valorize a verdade em vez da imagem, a realidade em vez da fantasia, a credibilidade em vez de uma tortuosa e difícil relação com a verdade.

 

Temos a noção de que a política, em democracia, é imperfeição, erro, tentativa, contingência e autoridade imposta por si mesma e não por birra ou por tiques de autoritarismo parolo. E de que não se governa para uma abstracção ou em nome de uma abstracção chamada, por exemplo, esquerda moderna. Portugal não está condenado a ser um laboratório de experimentalistas de ocasião agarrados a lugares-comuns sem sentido. A verdade deste blogue é só uma. Estamos pior do que estávamos em 2005. Sócrates falhou a sua oportunidade. Não merece outra.

 
João Gonçalves

23 comentários

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Jamais - Advérbio. Nunca mais, outra vez não, epá eles querem voltar. Interjeição muito usada por um povo de dez milhões de habitantes de um certo cantinho europeu, orgulhoso do passado mas apreensivo com o futuro, hospitaleiro mas sem paciência para ser enganado, solidário mas sobrecarregado de impostos, com vontade de trabalhar e meio milhão de desempregados, empreendedor apesar do Estado que lhe leva metade da riqueza, face à perspectiva terrível de mais quatro anos de desgoverno socialista. Pronuncia-se à francesa, acompanhado ou não do vernáculo manguito.

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