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Jamais

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13
Ago09

Enfim as pessoas

Ana Margarida Craveiro

Nas linhas gerais para o programa eleitoral, o PSD destacou uma expressão que pode parecer evidente, mas que revela uma mudança significativa: “prioritárias são as pessoas”. E as pessoas são, convenhamos, um bocadinho mais do que simples pagadores regulares de impostos.

 

Temos sido tratados como escravos do NIF. Com este Governo, até os recém-nascidos passaram a estar registados nas Finanças, porque o obrigatório cartão do cidadão assim determina. A medida socialista de fomento à natalidade, a tal dos 200 euros a longo prazo, obriga também a um NIF para a criação da conta bancária. Para o PS, o importante é que nasçam mais contribuintes. Em causa não está a demografia, como é bom de ver. Face à incapacidade de repensar e reformar o edifício fiscal, o programa socialista opta por garantir que toda a criancinha está pronta a preencher a sua declaração anual de IRS. Hoje ou daqui a 18 anos.

 

Durante anos, desenvolveu-se a ideia do Estado como empresa, e dos cidadãos como clientes. Era esta a visão da direita tecnocrática dos anos de Cavaco. Ora, a calculadora e o progresso não podem resumir todo um programa nacional. A política existe num tempo, para destinatários concretos. Nas linhas social-democratas agora conhecidas, a preocupação está, finalmente, nas gerações que nascem, vivem e trabalham, e não em contribuintes abstractos. Ideia vazia? Não, de todo. Conservadora? Com certeza. O PSD propõe que, para além da abstracção do cidadão do Estado, pensemos também nas pessoas, reconhecendo que as políticas de ontem têm consequências em vidas concretas de hoje. É para um contexto muito real que as políticas públicas do PSD serão delineadas, na consciência de que não há caminhos rápidos para o desenvolvimento, como Manuela Ferreira Leite tem bem presente quando se recusa a fazer promessas ou a apresentar soluções milagrosas.

 

Pensar em pessoas significa ainda reconhecer os limites da política. Qualquer medida proposta pelo PSD não terá contornos de panaceia. Até porque a profunda crise que vivemos não será resolvida com um agitar da varinha mágica. Quando se fala em dar a mão às PME, por exemplo, fala-se em apoiar, respeitando, a iniciativa privada. A motivação não é meramente técnica; mais do que números de emprego, mais do que percentagens de PIB, estão em causa pessoas que fizeram as suas escolhas. E estas pessoas merecem que o Estado as frustre o mínimo possível nas suas decisões. Afinal, antes de serem contribuintes, estas pessoas contribuem todos os dias para a riqueza nacional.

 

Hoje, no Diário Económico.

2 comentários

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    Mário Cruz 14.08.2009

    Não percebo porque é que este comentário sobre os jotas aparece aqui. No entanto, lendo-o, fui recordando o passado de José Sócrates, e parece-me quase uma biografia do rapaz. Será por isso que foi tão mau primeiro-ministro? ;-)
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    Jamais - Advérbio. Nunca mais, outra vez não, epá eles querem voltar. Interjeição muito usada por um povo de dez milhões de habitantes de um certo cantinho europeu, orgulhoso do passado mas apreensivo com o futuro, hospitaleiro mas sem paciência para ser enganado, solidário mas sobrecarregado de impostos, com vontade de trabalhar e meio milhão de desempregados, empreendedor apesar do Estado que lhe leva metade da riqueza, face à perspectiva terrível de mais quatro anos de desgoverno socialista. Pronuncia-se à francesa, acompanhado ou não do vernáculo manguito.

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