O mar de rosas
Acabei de ver Sócrates a discursar para jovens do Partido Socialista não fixei onde. Sem ofensa, aquilo parecia uma navegação na pura irrealidade. O contacto com o mundo empírico dissolveu-se completamente. Aparentemente está tudo óptimo, tirando uma coisa ou outra, obviamente culpa dos pessimistas, que, como toda a gente sabe, são dotados de poderes malfazejos extraordinários. O que é fantástico é que, mesmo tratando-se de um comício para os seus (embora longamente transmitido pelas televisões), Sócrates não tenha por uma só vez referido a encrenca em que estamos metidos. Nem lhe passou pela cabeça, percebia-se. E acabou a fazer propaganda a grupos rock. António José Teixeira, que comentou, também achou a coisa estranha, e falou, salvo erro, do discurso do mar de rosas. A campanha eleitoral propriamente dita ainda não começou, e o primeiro-ministro já está assim. É de temer o que vem a seguir, sem dúvida. Mas a verdadeira questão é: quem é que ele, com isto, julga que vai convencer?