Educação e propaganda
No forum tsf, que decorre neste momento, respeitante à Educação, quem foi o membro do governo escolhido para o representar na área? Maria de Lurdes Rodrigues? Não. Foi Valter Lemos? Também não. Terá sido Jorge Pedreira? De modo nenhum. Santos Silva é o nome.
Que seja aquele o ministro que fala pela política de educação do executivo, mostra bem que, para este governo, a Educação é, primeiro que tudo, uma questão de propaganda. Lá tivemos o discurso vago, abstracto (desligado da realidade concreta) e manipulador em que Santos Silva é perito.
Abstracto, porque se mantém higienicamente afastado do confronto com a realidade. Manipulador, miseravelmente manipulador, porque se aproveita do natural desconhecimento do público sobre matérias inevitavelmente especializadas e "técnicas".
"Novas oportunidades" (reparem na designação propagandística da iniciativa) para os que ficaram pelo caminho na escolaridade, "melhoria" das notas, "menos retenções", "menor número de faltas", x computadores distribuídos por x crianças, Inglês e Educação Física no 1º ciclo, a "indispensável" "avaliação" dos docentes, o novo "modelo de gestão", crianças "mais tempo nas escolas", aulas de "substituição", etc, etc - é claro que, em abstracto, dificilmente alguém discordará de todo este leite e mel. É o típico discurso meramente proclamatório deste governo que foge da realidade como o diabo da cruz.
Nenhuma daquelas "medidas" resiste a um exame que as interrogue a respeito da sua eficácia, da sua real aplicabilidade, da sua autenticidade, das suas consequências. Mas aquele discurso é de tal forma desonesto, que está, à partida, armadilhado, para as objecções que lhe possam surgir pela frente. Assim, quem tiver a veleidade de suspeitar ou discordar das medidas, será imediatamente marcado com o ferrete do "corporativismo" egoísta e cego para o "bem comum" (essa mitologia sempre tão útil), será "insensível"(!), "pessimista", "insultuoso", etc.
É este o mundo rarefeito em que o governo e o Partido Sócrates2009 vivem (a sua "mundivisão", diria alegremente o primeiro-ministro). É este o mundo em que nos têm feito viver nestes anos. E querem continuar.