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Jamais

Jamais

31
Jul09

Semântica

Carlos Botelho

Ligo-lhe. A certo ponto da conversa, pergunto-lhe, como quem não quer a coisa, se ela ainda se lembra de ter ido comigo ver Os Respigadores e a Respigadora. Sim, lembra-se, é verdade, na Duque d'Ávila, não foi? Prossigo: olha, está aí outro dela: As... 'As Praias de Agnès', interrompe-me ela. Já foste ver? pergunto. Não foi. Gostavas de ir ver? Está no City de Alvalade.

 

Esta indagação não é um convite?...

31
Jul09

Quando não se respeitam os cibernautas e bloggers, a factura a pagar é sempre elevada

Rodrigo Adão da Fonseca

Quando, em finais do ano passado, começamos a organizar o que viria a ser o "Fórum Portugal de Verdade", e se equacionou a hipótese das várias sessões serem difundidas via net, ficou claro desde o início que tal só deveria acontecer se fosse possível assegurar uma transmissão sem falhas.

 

Foi o que aconteceu. Ao longo de vários meses, o "Fórum Portugal de Verdade" visitou inúmeras cidades do país, de Norte a Sul, do Litoral ao Interior, tendo sido acompanhada por dezenas de milhares de cibernautas, sem falhas no serviço. Eu assisti a mais de metade das sessões via net, sem que tenha havido uma única quebra de som ou imagem.

 

Em plena campanha eleitoral para as Europeias, o Paulo Marcelo lançou a ideia de se realizar uma "blogotúlia", sem pretensões, informal, com o cabeça de lista, Paulo Rangel. Fiz o mesmo alerta ao Paulo Marcelo: a existir, a transmissão teria de ser assegurada sem risco de falhas, o que veio a acontecer. A "blogotúlia" foi um sucesso, apareceu quem quis, sem restrições de inscrição, e todos os presentes, quer no Café Nicola, quer via net, puderam fazer as perguntas que entenderam. Eu próprio lancei algumas das questões que me foram colocadas via caixa de comentários do Insurgente, ou por correio electrónico, criando uma interactividade muito divertida.

 

Tudo isto foi feito com simplicidade e respeito pelos cibernautas, sem alaridos, ou tentativas de mostrar "quão tecnológico" é o PSD, com o candidato a ser confrontado com perguntas, muitas delas bem exigentes, sem nenhum exercício de reverência por parte dos presentes, mesmo dos que claramente o apoiavam. A reacção do PS à iniciativa do PSD foi de menorização, com o Professor Vital Moreira a mostrar-se escandalizado pelo facto de Paulo Rangel ter defendido que a "era dos comícios" estava a acabar, em transferência acelerada para as novas plataformas e ferramentas de comunicação.

 

Novas eleições, nova técnica. Não sem surpresa, eis que o PS e José Sócrates aparecem a lançar uma "iniciativa pioneira" não antes realizada em Portugal, uma "BlogConf", leia-se, uma conferência com bloggers, com transmissão anunciada via net, num formato que, sendo inovador - quem sou eu para afirmar o contrário - em nada diferiu, na sua concepção, do que havia sido ensaiado por Paulo Rangel. A diferença residiu, desde logo, no estilo (o PSD lançou uma "blogotúlia", o PS, uma "BlogConf") e, sobretudo, no alarido mediático: durante alguns dias tivemos a oportunidade de ver elogiada tamanha iniciativa, e o "sentido de modernidade high tec" do nosso "tecnoprimeiroministro", sempre na vanguarda da comunicação.

 

Tenho de reconhecer que este PS e alguns dos seus seguidores continuam a ter o condão de me surpreender, infelizmente, pelas piores razões. É que a transmissão via net não funcionou, e no formato escolhido pelo Primeiro Ministro só puderam estar presentes vinte blogues, com prévia inscrição, o que tornou a BlogConf, em inúmeros momentos, num confrangedor acto de "lambebotismo". E, apesar destes dois "pormaiores", os acólitos do costume conseguiram, sem reservas, saldar a iniciativa como tendo sido um estrondoso sucesso. Salva-se a honestidade intelectual de pessoas como o Eduardo Pitta.

 

A incapacidade de reconhecer que a iniciativa falhou pelo menos em parte dos seus objectivos diz tudo sobre este PS: aconteça o que acontecer, as iniciativas do Governo e do Partido Socialista são sempre inéditas e um sucesso, nem que não cumpram os "mínimos olímpicos", como, no caso, se exigia, assegurando uma transmissão decente.

 

Nota: Esperei alguns dias antes de escrever este post, para não ser injusto com quem promoveu o evento. O facto, porém, de até hoje ninguém da parte do PS ou da organização da BlogConf ter vindo pedir desculpas ou dado uma explicação decente para a falha técnica representa, só por si, uma falta de respeito significativa pela blogosfera que se tentou seduzir com esta iniciativa. Ou muito me engano, ou este tipo de autismo paga-se caro. 

31
Jul09

O fracasso azul

Tiago Moreira Ramalho

A entrega de Magalhães por parte do governo foi um disparate total. Já sei, já sei. Vão dizer que sou um reaccionário das tecnologias, que não percebo o extraordinário progresso que tudo isto constituiu, que, que, que. Não quero saber.

Em primeiro lugar, foram financiados com dinheiros públicos computadores que eram produzidos por uma empresa privada. Significa isto que, para além de subsidiar as pessoas que queriam o brinquedo azul, o governo ainda subsidiou uma empresa que só no primeiro trimestre deste ano teve um aumento de vendas na ordem dos 1300% em relação ao período homólogo e que, graças ao Magalhães, se tornou a empresa que mais computadores vende em Portugal (uma quota de mercado de 41%, muito distante da HP com os seus 19% e da Toshiba com 14%). Para além desta promiscuidade assustadora entre o governo e uma empresa privada, que teve o seu auge quando o Primeiro-ministro de Portugal se dignou a servir de agente comercial dos computadores no estrangeiro, há o sério problema dos subsídios dados directamente à compra.
Sabemos perfeitamente que nos dias de hoje não é, para a esmagadora maioria da população, complicado comprar um computador básico com as funcionalidades do Magalhães. Isso leva a que seja simplesmente estúpido que o Estado esteja a aumentar a sua despesa para financiar uma coisa destas. Ou o Partido Socialista julga-se no direito de dizer às pessoas o que é que elas devem fazer? Parece-me um tanto abusivo.
Para além de tudo isto há o aspecto pedagógico. Há muito que saí da escola primária, mas parece-me preocupante que as linhas orientadoras do ensino coloquem crianças que não sabem ler nem escrever a mexer em computadores. Que as crianças o façam em casa, nada contra. Mas que as escolas públicas metam miúdos a navegar na net sem que saibam o escrever frases completas ou ler uma história da carochinha, já me afecta um pouco.
31
Jul09

Transferências à esquerda*

João Gonçalves

«O PS confessou tudo esta semana: se o deixarem no governo, continuará a fazer o que tem feito. Até ver, esta contumácia não fez voltar atrás as personalidades e famílias da "esquerda" em migração para as listas de candidatos e apoiantes do PS. Entre si, José Sócrates e António Costa juntaram uma razoável colecção de escalpes numa área até agora indignada com o governo. Haverá quem veja aqui apenas "incoerência" e "venalidade". Mas há outras bases para esta mudança de camisolas. Os activistas podem argumentar que, ao enxertarem-se no PS, estão apenas a tentar que as suas causas dêem fruto: afinal, o aborto é hoje pago por todos os contribuintes graças a Sócrates, e não por causa de Louçã. Para o PS, num país sem a "guerra cultural" à americana, as causas da actual esquerda urbana têm custos baixos: o patrocínio das "minorias" não é a reforma agrária. Este esquerdismo satisfaz uma classe média que vota na "esquerda da esquerda" como quem dá para os peditórios: apenas para descarregar a consciência, e não para pôr em causa os fundamentos do seu poder e bem-estar. Chegará assim o casamento gay para dar ao voto no PS, apesar das "políticas neo-liberais", o mesmo efeito terapêutico do voto no BE? Ou será ainda preciso meter medo com o "regresso da direita"? Em tempo de transferências, o programa do PSD está a fazer muita falta ao PS.»

 

*Rui Ramos, Correio da Manhã

31
Jul09

O tecno-lag de alguns políticos portugueses

Nuno Gouveia

Derrick de Kerckhove, académico canadiano e discípulo do guru da comunicação Marshall McLuhan, referia em A Pele da Cultura que o desfasamento entre a tecnologia emergente e um público não preparado para a receber era cada vez menor. Segundo Kerckhove, os cidadãos nem sempre aderem imediatamente à tecnologia que lhes é colocada à disposição. Por exemplo, a televisão surgiu em 1928 em Nova Iorque, mas apenas após a II Guerra Mundial é que começou a ser utilizada, e apenas na década de 50 ganhou a influência que hoje lhe reconhecemos. Com o advento dos meios digitais, este tecno-lag tem sido mais reduzido, conquistando rapidamente relevância no espaço social.


Não deixa de ser estranho que certos políticos continuem a demonstrar um profundo desconhecimento destes novos meios, encarando-os como “seres estranhos” e distintos da restante sociedade. Ainda recentemente ouvimos António Costa chamar à blogosfera “submundo”, insultando milhares de pessoas que assinam o seu nome nos textos que publicam. José Sócrates, ao deslocar-se para a tão mencionada conferência de blogues, afirmou que tinha ouvido dizer que falavam mal dele nos blogues e queria confirmar se isso era verdade. A primeira informação que deviam ter transmitido ao Primeiro-ministro é que a blogosfera é apenas um reflexo da sociedade, e que esse meio não se resume apenas aos blogues mais famosos. Poderia ter falado da blogosfera política, mas nem aí estaria a ser coerente, pois existem vários próximos do seu governo. Na blogosfera existem milhares de blogues, uns mais lidos que outros, mas nem por existem alguns que representam essa “entidade” abstracta, e que mais não é do que um reflexo da nossa sociedade, com toda a sua diversidade de ideias ou áreas de interesse. Se nos dermos ao trabalho de percorrer, por exemplo, a plataforma da Sapo, encontramos blogues sobre poesia, culinária, futebol, diários pessoais, música, etc. E nem vale a pena escrever muito sobre o ridículo que foi a RTP ter-se referido aos presentes na dita conferência como os “mais importantes bloggers portugueses”. Isso deve-se apenas à ignorância daqueles que receberam a nota de imprensa do PS.

O tecno-lag que Kerkhove falava pode ser cada vez menor, na medida em que as pessoas hoje aderem quase instantaneamente às novas tecnologias que vão surgindo. Mas seria importante alguns responsáveis políticos perceberem melhor o fenómeno em questão. É que continuam muito desfasados desta nova realidade.

Também aqui.

 

31
Jul09

Crónica de um fracasso anunciado (2)

Miguel Noronha

Comentário de José Barros no post anterior.

Bastante instrutiva sobre este tema é a leitura de um artigo publicado por Menezes Cordeiro na Revista da Ordem dos Advogados pouco depois da publicação do NRAU em que se compara as propostas do PSD (do tempo de Santana Lopes) e do PS nesta matéria.
A proposta de lei do PSD no governo de Santana Lopes previa a possibilidade de os novos contratos de arrendamento poderem ser celebrados pelo tempo que as partes entendessem e pudessem ainda ser denunciados livremente, se os contraentes assim estipulassem. Era o regime liberal que sempre devia ter existido, porque estamos a falar de contratos livremente negociados pelas partes e que num prazo de 10 a 20 anos permitiria ter um verdadeiro mercado de arrendamento, com todas as vantagens daí decorrentes.
Este governo não podia aceitar solução não socialistas. Tratou, pois, de obrigar os novos contratos a um prazo mínimo de 5 anos, bem como impossibilitou a denúncia pelo senhorio do contrato antes de decorridos 5 anos. Na prática, não alterou o regime anterior nos seus pontos essenciais. Quanto à actualização das rendas, obrigou os senhorios a tal dispêndio em matéria de obras que o resultado está à vista: num universo de 390.000 prédios arrendados, só relativamente 3000 - menos de 1% - houve actualização. Não contente com isso o PS quer agora obrigar os proprietários de casas devolutas à venda forçada dos seus imóveis, o que é claramente inconstitucional e assim será considerado pelo TC para o qual o Presidente já enviou o diploma.
Moral da história: o PSD terá de recuperar o diploma que Santana Lopes queria aprovar (e não pôde porque foi despedido). É tempo de dizer basta a soluções socialistas em matéria de arrendamento.
31
Jul09

O Estatuto dos Açores

Rodrigo Adão da Fonseca

O PSD não é propriamente um vencedor na questão do estatuto político-administrativo dos Açores (se bem que gerida por duas direcções sucessivas, de Menezes e Ferreira Leite, com distintos líderes parlamentares, Santana e Rangel), mas o Eduardo Pitta esquece o essencial: tendo em atenção, quer a insistência dos socialistas, quer o que se disse e escreveu sobre a atitude presidencial, no verão passado (quantas vezes tivemos de ouvir e ler que Cavaco andava alheado das preocupações dos portugueses, perdido em questões formais e apenas concentrado no seus próprios poderes?), a decisão do Tribunal Constitucional representa uma enorme derrota para o PS, em especial, para a teimosia e falta de humildade de José Sócrates, e uma vitória clara para o Presidente Cavaco Silva, que soube aguentar a pressão.

 

Convém não olhar apenas para o acessório, ignorando o essencial. O PSD foi um actor secundário na questão do Estatuto dos Açores. Os artistas principais foram, quer o PS, quer o Presidente da República.

31
Jul09

Estranhas coincidências políticas?

Paulo Marcelo

 

O deputado socialista Ricardo Rodrigues criticou ontem o facto da decisão do Tribunal Constitucional, que considerou inconstitucionais algumas normas do Estatuto Politico-administrativo dos Açores, ser coincidente com as ideias defendidas por Manuela Ferreira Leite, líder do PSD, e de Cavaco Silva, Presidente da República. Mas será estranha e criticável esta coincidência?

Não terá passado pela cabeça do ilustre socialista açoriano que essa sintonia pode ter como causa o facto de tanto o Chefe de Estado, como o TC, como o PSD terem razão nas posições (coincidentes) que assumiram?

Se não me engano, já no próximo dia 27 de Setembro, Ricardo Rodrigues vai descobrir que essa coincidência de opiniões também existe com a maioria dos eleitores portugueses. E que é afinal o Partido Socialista que está com falta de sintonia, naquilo que pensa e defende, não só com Tribunal Constitucional, como com o Presidente, mas sobretudo com o país.

31
Jul09

Crónica de um fracasso anunciado

Miguel Noronha

Aprovado em 2006, o Novo Regime de Arrendamento Urbano prometia ser a "solução final" para o problema das "rendas congeladas". O sucesso está a vista: 2037 processos concluidos num universo de 390 mil. Incapaz de continuar a negar o fracasso, José Sócrates anuncia uma nova reforma para solucionar de vez o problema. Mais uma vez, promete  mais burocracia.para um problema que só efectiva liberalização irá solucionar.

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Jamais - Advérbio. Nunca mais, outra vez não, epá eles querem voltar. Interjeição muito usada por um povo de dez milhões de habitantes de um certo cantinho europeu, orgulhoso do passado mas apreensivo com o futuro, hospitaleiro mas sem paciência para ser enganado, solidário mas sobrecarregado de impostos, com vontade de trabalhar e meio milhão de desempregados, empreendedor apesar do Estado que lhe leva metade da riqueza, face à perspectiva terrível de mais quatro anos de desgoverno socialista. Pronuncia-se à francesa, acompanhado ou não do vernáculo manguito.

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