Do fanatismo e da indigência
Por motivos académicos, segui de forma intensa a campanha eleitoral americana do ano passado. Assisti a diversos episódios onde alguns apoiantes dos candidatos, especialmente do lado republicano, mostravam um fanatismo inaudito e desesperado. Normalmente eram apelos de fanáticos, que tentavam desesperadamente lançar boatos e rumores para a opinião pública, completamente desligados da realidade. Ora porque Obama era socialista, porque estava a soldo dos interesses islâmicos ou porque pretendia aumentar o número de abortos nos Estados Unidos. Do outro lado surgiam acusações que Mccain seria criminoso de guerra, que estava a soldo das empresas do armamento ou que era um fanático religioso. Este tipo de acusações eram sempre desconsideradas pelos responsáveis das campanhas, mas pairavam no cenário mediático, atiçados pelos fanáticos e activistas subterrâneos dos dois partidos.
Em Portugal este ano estamos a assistir a uma situação semelhante no Partido Socialista, com a agravante destas mentiras e acusações fantasiosas estarem a ter cobertura dos próprios dirigentes. Nesta campanha eleitoral já assistimos a acusações que o PSD é um partido salazarista, que pretende fazer regressar Portugal ao tempo do Estado Novo, que o PSD tem tiques de extrema-direita (!?) e até que é um partido xenófobo. Têm-se inventado mentiras sobre o PSD, ora que pretende acabar com o Sistema Nacional de Saúde, de privatizar a Segurança Social ou até de pretender até acabar com as obras públicas. Para este PS, parece que tudo vale, até dizerem que o PSD pretende acabar com o direito ao divórcio. Estou para ver quando é que dizem que o PSD vai sair do PPE e juntar-se ao grupo de extrema-direita do senhor Le Pen. Já nada me admira.
Se as pessoas que lançam estas acusações e boatos pensassem um bocadinho (só um bocadinho, vá lá), veriam o ridículo que são todos estes epítetos. A indigência intelectual dessas criticas e ataques só pode ser explicada pelo fanatismo. Para estes, que lançam estas atoardas sobre o PSD parece, de facto, que vale tudo: mentir, deturpar, caluniar e desproporcionar.