O nojo
É conveniente que seja dito claramente: esta campanha eleitoral do PS tem sido um nojo. São as mentiras deliberadas afirmando-se que o PSD propõe o que efectivamente o PSD não propõe. São os constantes ataques pessoais à líder do PSD (com os expoentes de má educação nos Soares pai e filho e no inestimável Junqueiro). É a acusação de maledicência e bota-abaixismo por quem se tem recusado a falar desta legislatura (de tão bem sucedida que foi) e a próxima para atacar apenas a oposição. Sobretudo são as repetidas associações abjectas entre o PSD e Manuela Ferreira Leite e o Estado Novo e Salazar.
Eu nasci em 1974 e já não tenho nenhuma questão por resolver com a história portuguesa do sec. XX. Não sinto necessidade de me posicionar pela revolução ou pela reacção. Não admiro o Estado Novo nem os primeiros tempos da 'democracia' pós-abrilista. Não tenho qualquer sentimento de gratidão pelos políticos e militares que terminaram ou pressionaram a ditadura; sinceramente, não fizeram mais do que a sua obrigação. Mário Soares é, para mim, uma figura patética, desagradável e apreciador de tiranetes sul-americanos. Ouvir alguém (tentar) argumentar politicamente chamando o 25 de Abril ou a ditadura que o antecedeu é hilariante - porque não é argumento. Eu não sei que eleitorado o PS pretende atingir com estes supostos argumentos, mas de certeza não é o eleitorado abaixo dos trinta e cinco anos; tirando alguns casos de jovens pouco saudáveis, queremos lá saber de passados anti-salazaristas; estamos preocupados com a falta de emprego, com a quantidade crescente de impostos que pagamos, com a segurança social que não vai assegurar pensões quando for a nossa vez de as receber, com um Estado que por tão grande esmaga a iniciativa privada, com a falta de crescimento económico, com a pouca qualidade dos serviços públicos. Tudo estranhamente ausente da camapnha socialista e substituído pelo nojo que consta no primeiro parágrafo.