Virtudes públicas, vícios privados (II)
O PS e o Carlos Santos andaram a campanha toda a argumentar que o PSD queria "destruir" o SNS. Hoje, é lê-lo feliz e contente a defender o "cheque-dentista", que leva a que as crianças possam, com financiamento estatal, ter acesso a tratamentos em clínicas privadas.
O PSD, no seu programa para a Saúde, advoga que o país deve, em condições de igualdade de acesso, aproveitar a capacidade instalada - stock de competências e infraestruturas - nos sectores públicos, privado e social. Defende a liberdade de escolha, que na maioria das situações vai beneficiar sobretudo as unidades públicas mais competitivas. As propostas do PSD salvaguardam a oferta pública, mas sem nunca esquecer aquilo que é a prerrogativa constitucional, que se preocupa, não com o prestador, mas com o cidadão, o utente. Tudo isto, porém, para o Carlos Santos e para o PS, é crime de lesa-magestade. Já defender o financiamento público de tratamentos exclusivamente privados - criticando aquilo que o BE assume (em coerência, diga-se, de integração dos dentistas no SNS) - aproveitando a rede dentista existente - indo muito além daquilo que o PSD defende - faz todo o sentido.
A incoerência é total. Credibilidade, 0. É triste ver como há quem consiga argumentar tudo e o seu contrário, em função das conveniências.