Não deixa de ser estranho que certos políticos continuem a demonstrar um profundo desconhecimento destes novos meios, encarando-os como “seres estranhos” e distintos da restante sociedade. Ainda recentemente ouvimos António Costa chamar à blogosfera “submundo”, insultando milhares de pessoas que assinam o seu nome nos textos que publicam. José Sócrates, ao deslocar-se para a tão mencionada conferência de blogues, afirmou que tinha ouvido dizer que falavam mal dele nos blogues e queria confirmar se isso era verdade. A primeira informação que deviam ter transmitido ao Primeiro-ministro é que a blogosfera é apenas um reflexo da sociedade, e que esse meio não se resume apenas aos blogues mais famosos. Poderia ter falado da blogosfera política, mas nem aí estaria a ser coerente, pois existem vários próximos do seu governo. Na blogosfera existem milhares de blogues, uns mais lidos que outros, mas nem por existem alguns que representam essa “entidade” abstracta, e que mais não é do que um reflexo da nossa sociedade, com toda a sua diversidade de ideias ou áreas de interesse. Se nos dermos ao trabalho de percorrer, por exemplo, a plataforma da Sapo, encontramos blogues sobre poesia, culinária, futebol, diários pessoais, música, etc. E nem vale a pena escrever muito sobre o ridículo que foi a RTP ter-se referido aos presentes na dita conferência como os “mais importantes bloggers portugueses”. Isso deve-se apenas à ignorância daqueles que receberam a nota de imprensa do PS.
O tecno-lag que Kerkhove falava pode ser cada vez menor, na medida em que as pessoas hoje aderem quase instantaneamente às novas tecnologias que vão surgindo. Mas seria importante alguns responsáveis políticos perceberem melhor o fenómeno em questão. É que continuam muito desfasados desta nova realidade.
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