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Jamais

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31
Jul09

O fracasso azul

Tiago Moreira Ramalho

A entrega de Magalhães por parte do governo foi um disparate total. Já sei, já sei. Vão dizer que sou um reaccionário das tecnologias, que não percebo o extraordinário progresso que tudo isto constituiu, que, que, que. Não quero saber.

Em primeiro lugar, foram financiados com dinheiros públicos computadores que eram produzidos por uma empresa privada. Significa isto que, para além de subsidiar as pessoas que queriam o brinquedo azul, o governo ainda subsidiou uma empresa que só no primeiro trimestre deste ano teve um aumento de vendas na ordem dos 1300% em relação ao período homólogo e que, graças ao Magalhães, se tornou a empresa que mais computadores vende em Portugal (uma quota de mercado de 41%, muito distante da HP com os seus 19% e da Toshiba com 14%). Para além desta promiscuidade assustadora entre o governo e uma empresa privada, que teve o seu auge quando o Primeiro-ministro de Portugal se dignou a servir de agente comercial dos computadores no estrangeiro, há o sério problema dos subsídios dados directamente à compra.
Sabemos perfeitamente que nos dias de hoje não é, para a esmagadora maioria da população, complicado comprar um computador básico com as funcionalidades do Magalhães. Isso leva a que seja simplesmente estúpido que o Estado esteja a aumentar a sua despesa para financiar uma coisa destas. Ou o Partido Socialista julga-se no direito de dizer às pessoas o que é que elas devem fazer? Parece-me um tanto abusivo.
Para além de tudo isto há o aspecto pedagógico. Há muito que saí da escola primária, mas parece-me preocupante que as linhas orientadoras do ensino coloquem crianças que não sabem ler nem escrever a mexer em computadores. Que as crianças o façam em casa, nada contra. Mas que as escolas públicas metam miúdos a navegar na net sem que saibam o escrever frases completas ou ler uma história da carochinha, já me afecta um pouco.

10 comentários

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Jamais - Advérbio. Nunca mais, outra vez não, epá eles querem voltar. Interjeição muito usada por um povo de dez milhões de habitantes de um certo cantinho europeu, orgulhoso do passado mas apreensivo com o futuro, hospitaleiro mas sem paciência para ser enganado, solidário mas sobrecarregado de impostos, com vontade de trabalhar e meio milhão de desempregados, empreendedor apesar do Estado que lhe leva metade da riqueza, face à perspectiva terrível de mais quatro anos de desgoverno socialista. Pronuncia-se à francesa, acompanhado ou não do vernáculo manguito.

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