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Jamais

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31
Jul09

Quando não se respeitam os cibernautas e bloggers, a factura a pagar é sempre elevada

Rodrigo Adão da Fonseca

Quando, em finais do ano passado, começamos a organizar o que viria a ser o "Fórum Portugal de Verdade", e se equacionou a hipótese das várias sessões serem difundidas via net, ficou claro desde o início que tal só deveria acontecer se fosse possível assegurar uma transmissão sem falhas.

 

Foi o que aconteceu. Ao longo de vários meses, o "Fórum Portugal de Verdade" visitou inúmeras cidades do país, de Norte a Sul, do Litoral ao Interior, tendo sido acompanhada por dezenas de milhares de cibernautas, sem falhas no serviço. Eu assisti a mais de metade das sessões via net, sem que tenha havido uma única quebra de som ou imagem.

 

Em plena campanha eleitoral para as Europeias, o Paulo Marcelo lançou a ideia de se realizar uma "blogotúlia", sem pretensões, informal, com o cabeça de lista, Paulo Rangel. Fiz o mesmo alerta ao Paulo Marcelo: a existir, a transmissão teria de ser assegurada sem risco de falhas, o que veio a acontecer. A "blogotúlia" foi um sucesso, apareceu quem quis, sem restrições de inscrição, e todos os presentes, quer no Café Nicola, quer via net, puderam fazer as perguntas que entenderam. Eu próprio lancei algumas das questões que me foram colocadas via caixa de comentários do Insurgente, ou por correio electrónico, criando uma interactividade muito divertida.

 

Tudo isto foi feito com simplicidade e respeito pelos cibernautas, sem alaridos, ou tentativas de mostrar "quão tecnológico" é o PSD, com o candidato a ser confrontado com perguntas, muitas delas bem exigentes, sem nenhum exercício de reverência por parte dos presentes, mesmo dos que claramente o apoiavam. A reacção do PS à iniciativa do PSD foi de menorização, com o Professor Vital Moreira a mostrar-se escandalizado pelo facto de Paulo Rangel ter defendido que a "era dos comícios" estava a acabar, em transferência acelerada para as novas plataformas e ferramentas de comunicação.

 

Novas eleições, nova técnica. Não sem surpresa, eis que o PS e José Sócrates aparecem a lançar uma "iniciativa pioneira" não antes realizada em Portugal, uma "BlogConf", leia-se, uma conferência com bloggers, com transmissão anunciada via net, num formato que, sendo inovador - quem sou eu para afirmar o contrário - em nada diferiu, na sua concepção, do que havia sido ensaiado por Paulo Rangel. A diferença residiu, desde logo, no estilo (o PSD lançou uma "blogotúlia", o PS, uma "BlogConf") e, sobretudo, no alarido mediático: durante alguns dias tivemos a oportunidade de ver elogiada tamanha iniciativa, e o "sentido de modernidade high tec" do nosso "tecnoprimeiroministro", sempre na vanguarda da comunicação.

 

Tenho de reconhecer que este PS e alguns dos seus seguidores continuam a ter o condão de me surpreender, infelizmente, pelas piores razões. É que a transmissão via net não funcionou, e no formato escolhido pelo Primeiro Ministro só puderam estar presentes vinte blogues, com prévia inscrição, o que tornou a BlogConf, em inúmeros momentos, num confrangedor acto de "lambebotismo". E, apesar destes dois "pormaiores", os acólitos do costume conseguiram, sem reservas, saldar a iniciativa como tendo sido um estrondoso sucesso. Salva-se a honestidade intelectual de pessoas como o Eduardo Pitta.

 

A incapacidade de reconhecer que a iniciativa falhou pelo menos em parte dos seus objectivos diz tudo sobre este PS: aconteça o que acontecer, as iniciativas do Governo e do Partido Socialista são sempre inéditas e um sucesso, nem que não cumpram os "mínimos olímpicos", como, no caso, se exigia, assegurando uma transmissão decente.

 

Nota: Esperei alguns dias antes de escrever este post, para não ser injusto com quem promoveu o evento. O facto, porém, de até hoje ninguém da parte do PS ou da organização da BlogConf ter vindo pedir desculpas ou dado uma explicação decente para a falha técnica representa, só por si, uma falta de respeito significativa pela blogosfera que se tentou seduzir com esta iniciativa. Ou muito me engano, ou este tipo de autismo paga-se caro. 

3 comentários

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Jamais - Advérbio. Nunca mais, outra vez não, epá eles querem voltar. Interjeição muito usada por um povo de dez milhões de habitantes de um certo cantinho europeu, orgulhoso do passado mas apreensivo com o futuro, hospitaleiro mas sem paciência para ser enganado, solidário mas sobrecarregado de impostos, com vontade de trabalhar e meio milhão de desempregados, empreendedor apesar do Estado que lhe leva metade da riqueza, face à perspectiva terrível de mais quatro anos de desgoverno socialista. Pronuncia-se à francesa, acompanhado ou não do vernáculo manguito.

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