02
Ago09
Do debate democrático
Tiago Moreira Ramalho
Faz-me imensa comichão quando algumas pessoas colocam as suas convicções no campo do óbvio, do irrefutável, do inegável. É que o seguimento natural deste comportamento é simplesmente desrespeitar das formas mais extraordinárias as convicções alheias. Hugo Costa mostra que é desse tipo de gente num pequenino post que é apenas um título de um vídeo, por acaso sobre o aborto.
O Hugo Costa certamente acha o aborto uma coisa extraordinária. Eu li num blogue de apoio ao sim da altura que o resultado do referendo nos veio tirar do obscurantismo. Achei profundo. Profundamente estúpido. Não interessa que o aborto seja um problema ético que não é alvo de consenso em parte alguma do mundo, nem nos meios académicos mais avançados. Não interessa que outros possam ter convicções pessoais, exercendo o seu direito à livre expressão. Não. Nada disso interessa. Só interessa a politicazinha baixa, rasteira, nojenta. Só interessa o soundbyte e insinuar que o adversário é um retrógrado por oposição aos frescos e airosos modernaços. É triste o estado em que isto está.