Oeiras como exemplo para o país
As próximas eleições autárquicas de Oeiras serão um duro teste para o eleitorado deste concelho, um dos mais evoluídos do país, segundo dizem. Como em Gondomar e Felgueiras, autarcas condenados por crimes cometidos no exercício das suas funções vão a votos. Um país que tanto se queixa da corrupção, terá nestes três concelhos uma oportunidade para responder nas urnas a essas decisões da justiça. E, espero eu, punir eleitoralmente este tipo de comportamentos perversos para a democracia.
Oeiras será, talvez, o caso mais emblemático, pois tem um presidente condenado a pena de prisão efectiva de sete anos. Num outro país, não restaria outra hipótese a Isaltino Morais que não a retirada da candidatura. Mas o autarca vai novamente a votos, e deseja que lhe seja reconhecida nas urnas uma caução para os actos ilegais que cometeu, conforme ficou provado em tribunal.
Há quatro anos, Isaltino Morais venceu as eleições com apenas 4 por cento de vantagem sobre o PSD, mas até cheguei a temer que este ano seria um verdadeiro passeio para o autarca condenado. Em primeiro lugar porque o Partido Socialista escolheu um candidato de segunda linha, vindo directamente do aparelho socialista, e depois, porque o nome que se afigurava do PSD era um mero desconhecido.
Mas o PSD e CDS conseguiram surpreender e apresentaram uma candidatura muito forte, com Isabel Meirelles a liderar a coligação. Há vários anos que sigo com atenção o percurso da candidata, como especialista em assuntos europeus, e considero que dificilmente poderiam ter escolhido melhor para Oeiras. Alguém que vem de fora do sistema politico, cuja notoriedade foi conquistada na vida privada. E nestes tempos em que muitos apelam a uma regeneração da classe politica, esta candidatura representa uma verdadeira lufada de ar fresco. Se Isabel Meirelles conseguir vencer, a vida pública ganhará certamente uma grande autarca, e o país poderá respirar um bocadinho melhor com a derrota de Isaltino Morais.